A COISA MAIS FÁCIL, OU O QUE DEU PARA FAZER
Por Antonio Odilon
Dentre todas as coisas agrupadas, após desconsiderar os acervos de presentes e itinerários de viagens acumulados, a tarefa mais descomplicada ainda consiste em adquirir um diploma. A situação se aprimora ainda mais quando o seu emprego oferece incentivos monetários com base na quantidade de diplomas que você possui. Caso contrário, a menos que você tenha um mentor influente, encontrar um espaço no mercado de trabalho pode se tornar uma empreitada árdua, demandando um tempo considerável até que um concurso público escasso seja aprovado por um gestor municipal. Muitas vezes o formado já percebe que vai encontrar uma pedreira para conquistar a vaga ou não tem dinheiro para ser sócio em uma empresa mais rapidamente, e com um padrinho dentro na Universidade, segue para ser um mestre ou doutor aparecendo depois como professor universitário na mesma faculdade que se formou. E se essa jornada até a conquista da vaga se prolongar excessivamente, o salário resultante pode se revelar insuficiente, até mesmo inferior ao dobro do rendimento auferido por alguém formado em um cargo qualquer.
Assim, o detentor do diploma se depara com a possibilidade de pendurar esse reconhecimento na parede, mesmo após obter uma avaliação meritória no concurso público. Os benefícios diversos decorrentes dos múltiplos diplomas atenuam consideravelmente a insatisfação do trabalhador, chegando a dissipá-la por completo. A amortização do investimento em formação universitária, em menos de cinco anos, torna-se uma realização rápida e eficaz para o servidor.
Apenas a vontade insaciável por leitura e conhecimento, aliada a um modesto pecúlio, ou a condição incomum de ser, permite ingressar em uma instituição universitária desprovida de mensalidades. Todavia, convém resguardar uma reserva financeira ou contar com um guardião desse recurso, caso a ocupação laboral esteja ausente.
Recordemos que, ao longo da existência, sempre se mostrou menos árduo o caminho do aprimoramento. Isso se aplica mesmo à admissão em uma universidade. Em minha trajetória, contudo, o acesso se viabilizou mediante êxitos em jogos lotéricos. O montante minguado apenas alcançava para sufragar os estudos universitários.
Era evidente que não me aventuraria nas profundezas do mar sem dominar a arte de nadar. Já sabia, de antemão, que a competição se desenharia como uma árdua batalha, dada a elevada estirpe dos meus colegas concorrentes na universidade. A maioria deles pertencia à classe média alta, ostentando profundo saber e habilidades notáveis. Reconhecia, ainda, estar em desvantagem perante os formidáveis oponentes que surgiriam após, oriundos de famílias privilegiadas. Afinal, esses rivais tinham à disposição uma rica tessitura de recursos intelectuais, além de concorrerem com aqueles que sempre trilham os caminhos já traçados – os apadrinhados de longa data. Estes, por sua vez, ingressam no cenário profissional, notadamente no setor público, como os renomados assessores técnicos, sem enfrentar grande esforço. É nesse terreno que acumulam sua experiência.
Para os demais competidores, a jornada consiste em avançar incansavelmente, pois estagnar é sinônimo de ficar à margem, levando-os, assim, a buscar alternativas para assegurar sua subsistência.
Se não fosse pelo aporte financeiro adicional, minha inserção e conclusão em qualquer universidade teriam sido inviáveis. Foi uma conjuntura de oportunidade aliada à carência genuína de ocupações, para além do trabalho com remunerações modestas (antes de ingressar na prefeitura), devido à minha tenra idade à época.
As instituições de ensino superiores mais conceituadas requerem um substancial investimento em termos de tempo, dedicação e recursos monetários. E isso jamais garantiu uma colocação imediata no mercado de trabalho. Muitas vezes, é mais sensato atuar no campo pertinente, mesmo que em uma posição auxiliar, e, posteriormente, pleitear uma nova oportunidade junto ao empregador.
No cenário de vagas disponíveis, é imperativo que haja a sorte de os candidatos compartilharem um nível semelhante de habilidade, dado que as oportunidades em posições vantajosas e estáveis são escassas e atrasadas quando se trata de concursos.
O diploma sempre marcou o ponto de partida dentre muitos na jornada rumo às múltiplas vitórias em uma série de batalhas travadas durante a grande guerra da vida. Ele representa a maneira pela qual a sociedade proclama: "Siga em frente", sinalizando que você está preparado não apenas para adentrar um campo de batalha que inevitavelmente enfrentará em busca do sucesso, mas também para superar as provações e tribulações que podem surgir. No momento em que você obtém esse diploma, deixa de ser um inexperiente ou sonhador, e se torna apto a aprender estratégias mais eficazes para as próximas confrontações com adversários que, sem dúvida, tentarão minar seus esforços. Você sobreviveu e agora deve buscar novas oportunidades em uma nova etapa dessa batalha contínua
A partir da segunda década do século XXI, uma nova dinâmica emerge para alguns servidores públicos, conduzindo-os a embates mais ágeis e favoráveis, graças às mudanças legislativas. Eles optam por buscar incrementos salariais conjuntos com seus vencimentos, ou seja, adotam benefícios como acréscimos de titularidade e investem em cursos de curta duração (especialmente em modalidades de ensino a distância), onde mensalidades acessíveis se fazem presentes. Esses incentivos são disponibilizados por determinados governos como parte de planos de carreira. Diversos servidores veteranos, já detentores de estabilidade e com um extenso período de serviço público, escolhem afastar-se do campo de batalha que é o mercado de trabalho convencional. Nesse contexto, os conhecimentos formalizados por meio de diplomas também sofrem uma depreciação, levando à necessidade de uma leitura constante e à busca de alternativas diversas para lidar com um mercado em constante evolução.
O diploma torna-se, portanto, a arma com a qual os graduados podem prosseguir em suas contendas contra outros aspirantes à conquista do sucesso.
Sobre as NotasO jogo das notas: Quando alunos e professores dançam em sintonia
No intrincado universo educacional, um novo paradigma emergiu, revolucionando a dinâmica das notas escolares. Das salas de aula dos níveis fundamental I e II até as altas esferas do ensino médio e superior, erguia-se uma figura imponente: o temido professor exigente.
Numa era em que as notas já não eram mais meros reflexos do desempenho dos alunos, o papel dos mestres ganhou um peso singular. Sem dúvida, esses "professores casca grossa" tornaram-se o epicentro do sistema.
Lembro-me dos dias em que, tanto no ensino fundamental quanto no médio, a evasão de estudantes era uma constante. Muitos se viam naufragando, repetindo incansavelmente os mesmos anos letivos. Era uma época em que as risadas ecoavam, especialmente entre os mais jovens, sobre as notas trimestrais que, somadas, culminavam na nota definitiva - ou média. Tropeçar em uma única matéria significava refazer todas as outras. Assim, três notas A e uma nota B podiam se amalgamar num B final. Na equação, era a nota mais baixa que se submetia ao escrutínio, nunca a mais alta.
Nesse cenário intrigante, as fronteiras entre alunos e professores pareciam desvanecer-se, criando um baile sincronizado de esforços. O processo de aprendizado transformou-se num jogo estratégico, em que ambos os lados eram jogadores ativos, dançando uma dança de notas, dedicação e discernimento.
O que emergia desse contexto era a realidade de que o destino das notas já não estava apenas nas mãos dos alunos, mas também nas mãos habilidosas dos educadores. As notas escolares tornaram-se uma composição harmoniosa, onde as peças do quebra-cabeça eram dispostas de forma cuidadosa e ponderada, revelando um retrato mais preciso do mérito verdadeiro.
E assim, nesse novo ordenamento, o jogo das notas tornou-se uma simbiose sofisticada entre aprendizes e mentores. Uma simetria na qual as expectativas eram altas, mas a oportunidade de crescimento era ainda maior. O mundo educacional havia evoluído, onde o esforço conjunto moldava o destino das notas, e a jornada de aprendizado tornava-se uma experiência conjunta de descoberta e superação.
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